2ª Etapa GR22 - Piodão - Linhares da Beira

Isto de “Espírito de Grupo” tem lá que se lhe diga… Para que uns usufruam das belezas da etapa… tem de haver por trás a “logística” que a isso possibilita! E esta semana… a coisa não estava nada fácil de se orientar! Valeu-nos o “Espírito de Entreajuda” da Dª Maria João e Daniela (esposa e filha do AC) e do Amigo Fidalgo que entre ambos possibilitaram, respectivamente, o transporte até à aldeia do Piódão e o resgate na aldeia de Linhares da Beira. A eles devo tecer o meu sincero agradecimento pela disponibilidade que dispensaram do seu tempo para ajudar a que esta aventura do GR22 vá avante…
. Se chegar ao Piódão (1ª Etapa) em BTT é um pequeno “tormento”… posso dizer-vos que chegar ao Piódão em veículo de 4 rodas, vulgo automóvel… o tormento é quase igual!! São Km’s e Km’s agonizantes de curva e contra-curva… Chegar lá é já, por si só, uma aventura!

A equipa para esta 2ª etapa do GR22 era composta por três elementos: AC, Silvério e eu (João Valente). Com muita pena minha não pudemos contar com a presença dos camaradas Luís Cabaço e Carlos Sales! Vocês não imaginam o que perderam amigos…

Apeámos na aldeia do Piódão às 8:45, onde tentámos restabelecer o “equilíbrio” corporal após os inúmeros e tormentosos Km’s e curvas do degradado asfalto que liga Vide a Piodão. Valeu para isso a aragem fresquinha que se fazia sentir e um cafézinho quente numa das lojinhas típicas da praça principal. Era tempo de preparar as “gingas” e as “albardas” para o início da 2ª Etapa do GR22 que faz a ligação entre Piódão e Linhares da Beira.

Após a típica fotografia de grupo inicial demos início à pedalada pelas 9:10. Iniciamos desde logo com subida ou não ficasse Piódão num vale bem profundo! À medida que íamos subindo o aglomerado de casinhas xistosas acantonadas ia ficando cada vez mais pequenino… mais pequenino até que uma viragem à esquerda dita a despedida desta aldeia histórica… e dá as boas vindas a uma paisagem montanhosa e verdejante a perder de vista… onde o nevoeiro matinal lhe configura um certo misticismo. Muito Bonito…

Quanto a nós… prosseguíamos em ligeira subida já em trilho térreo… em conversas pegadas sobre isto e sobre aquilo… até sobre novos projectos em 2 rodas! Completamente embrenhados na conversa e na paisagem que nos envolvia… quem se lembra de GPS’s???? Pois é… ditou uma viragem de 180º e um retrocesso de cerca de 1km para trás! Ehehehe… faz parte da aventura!

Do alto e com alcance da paisagem longínqua descemos “ravina” abaixo em piso repleto de pedra solta… a exigir a fiabilidade dos travões… até à povoação de Vide! Ainda à pouco aqui tínhamos passado de carro meio agoniados… agora passávamos em BTT cheios de boa disposição… Ehehehe!

Quem muito desce… muito terá de subir! Os 2400 metros de acumulado que se previam para esta etapa foram essencialmente feitos na primeira metade e para isso muito contribui a GR (Granda Rampa) da “Marroquinha”! Lembram-se companheiros!?!?!? A GR da Marroquinha… tal como o nome indica inicia-se no lugarejo da Marroquinha onde se começa com uma subida íngreme e praticamente não ciclável nos primeiros 300-400 metros pelas regueiras provocadas pelas chuvas dos dias anteriores... embrenhado-se depois pela vasta área de pinhal e vegetação cerrada em largos Km’s… até bem perto da Srª do Livramento… onde fizemos uma ligeira pausa para restabelecimento de forças! Vejam a fotografia do Silvério! Ehehehehe!

Daqui ainda se continua em altimetria ascendente por alguns Km’s até se começar a visualizar a paisagem vasta do complexo rochoso que bem caracteriza a Serra da Estrela… estamos em pleno Parque Natural da Serra da Estrela e daqui em diante espera-nos um troço asfáltico de cerca de 10Km’s até á Lagoa Comprida. Apesar de ser em asfalto é dos momentos mais sofridos do percurso onde se atingem pendentes de 14% em vários troços. Foi um apelo ao espírito de sacrifício!!! As paragens foram muito breves pois o frio que se fazia sentir era gélido e os manguitos tinham ficado no Piódão! Eheheh!

Vislumbrar entre o nevoeiro a Lagoa Comprida foi uma boa sensação… e a descida até lá foi arrepiante de frio, de velocidade e de satisfação por não estarmos a subir! Parámos para uma fotografia de grupo e depressa seguimos serra abaixo… em descida gélida para passarmos ao lado da negra Lagoa do Covão Cimeiro, cortanto mais abaixo à direita para entramos num trilho que possui à esquerda um canal de água por vários Km’s e à direita uma vista estrondosa pelo vale onde se vislumbram a longa distância pequenas povoações circundadas pelas cores primaveris. Muito Bonito!

Este canal de água acompanhou-nos até um trilho cerrado e sem qualquer manutenção onde a única hipótese foi mesmo pôr a bike às costas e aí vão eles. 50 metros do GR22 em lastimável condição… e estamos nós a falar de uma Grande Rota Internacional!!! Onde andam as autoridades a quem compete esta manutenção!? O que pensarão os estrangeiros que iniciam o GR22?? Mais uma vez… e tal como na 1ª Etapa… as marcações são muito escassas e apagadas pelo tempo na sua grande maioria!!! Uma pena!!! Uma vergonha para nós portugueses!

Após o “trilho pedestre” passámos a Barragem do Lagoacho e uns Km’s mais à frente entrámos no Vale do Rossim onde se encontra a Barragem com a mesma nomenclatura. Àgua e Rocha… um contraste muito bonito e diferente! Entre as duas barragens efectuamos uma pausa para abastecimento (eram 13horas) onde com 50Km’s já ultrapassávamos os 1800 de acumulado e muita beleza… mas o melhor estava ainda para vir!!

Entrámos na zona mais bonita do GR22 (é só a minha opinião!)… um trilho que sobe progressivamente até atingir o Marco Geodésico de São Pedro e respectivo Posto de Vigia… onde somos acompanhados de ambos os lados do trilho (único) de terra escura por vastos mantos de vegetação primaveril, onde as cores verde, amarelo e roxo se fundem numa cinestesia brutal! Foi para mim o momento mais alto do GR22 até aqui! Aconselho vivamente a darem uma vista de olhos na galeria fotográfica…. Vale a pena! Neste troço fomos “brindados” com a queda de alguns chuviscos que fizeram ainda o AC sacar o seu “chubasquero” de protecção!

Do Marco Geodésico inicia-se uma descida longa, técnica e com diversos perigos à espreita (buracos, pedras, raízes)… com uma envolvência natural estupenda! Predomina a árvore de copa alta e o verde na base a estender-se por entre o aglomerado de árvores! Lindo mesmo! A descida culmina num cruzamento onde se aglomera várias sinaléticas: Casal da Pias, Faraós, Sepultura (?!?!?!?), S.Tiago, e uma do GR22, que orienta Linhares da Beira a 15,9 Km’s.

Entrámos em piso rolante já com o Folgosinho à vista no horizonte e ainda a cerca de 10Km’s do fim da etapa já se avista o nosso objectivo… as torres do Castelo de Linhares da Beira. São cerca de 7Km’s rolantes e depois em descida tipo zig-zag até ao fundo do vale… para entrar no single-track final, longo (3Km’s) e algo técnico que em subida constante nos leva até ao interior da aldeia história da Linhares. Este single-track constitui a cereja em cima do bolo depois de uma etapa fabulosa… pena termos sido pulverizados com chuva divina nestes últimos Km’s!

Chegámos a Linhares… com a chuva a molhar já a sério… encontrando abrigo junto às muralhas do Castelo no Clube dos Amigos de Linhares… que deram jus ao nome e nos preparam uma chouriça assada, queijo, presunto e pão, mesmo não tendo estes produtos para venda ao público! Simpatia desta… só mesmo em lugares como estes!

O Amigo Fidalgo (o homem que nos levou de regresso a Castelo Branco) chegou pouco depois acompanhado do filho João… digamos que chegou na altura exacta, acabando por se juntar ao grupo e saborear as iguarias locais, e rir-se um pouco com as aventuras e desventuras vividas ao longo do dia!

A fotografia de grupo com as muralhas em pano de fundo (agora já sem chuva e com as barrigas mais aconchegadas), ditou o final desta soberba e estupenda etapa que ligou Piódão a Linhares da Beira em 86Km’s de distância. A próxima etapa irá realizar-se no dia 28 de Junho… estou ansioso por esse dia. Irá ligar as aldeias históricas de Linhares a Marialva… assim sendo é caso para dizer…

Amigos…Vêmo-nos em Marialva…


1 comentário:

  1. Ena! A aventura vai de vento em popa. As mais duras já lá vão. Pena eu estar numa altura em que é impossível juntar-me a vocês. A ver se em Julho dá para fazer alguma etapa ao vosso lado. Parabéns pelas fotos e pela iniciativa, estas primeiras etapas são para homens de barba rija. Abraço
    Agnelo

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